Engana-se quem pensa que a ojeriza do governo Lula com o agronegócio atinja somente os grandes produtores. Nada disso, a falta de valorização e de respostas se estende também para os pequenos. Vejam esses dados da Fetag-RS, divulgados essa semana:

 Os pequenos produtores do Rio Grande do Sul tomaram em 2025 R$ 5,78 bilhões em crédito rural por meio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Esse valor é 29,8% menor do que o do ano passado, quando os desembolsos chegaram a R$ 7,96 bilhões.

Essa baixa captação é porque os produtores estão endividados mesmo e sem as mínimas condições de contrair novos financiamentos. Os últimos cinco anos não foram nada fáceis para quem planta, com as seguidas estiagens, a enchente de 2024 e, esse ano, com os preços baixos dos grãos.  

Daquela linha de crédito emergencial de R$ 12 Bilhões da MP 1314, liberada após muita demora pelo Ministério da Fazenda, apenas 30% dos produtores com dívidas buscaram os recursos subsidiados. Ou seja, de cada 10 produtores com passivos acumulados, apenas três conseguiram rolar os seus débitos com este auxílio.

Alijado do sistema tradicional de crédito o produtor acaba se obrigando a recorrer ao sistema de troca com fornecedores, cerealistas e financiadores particulares. Aí entra outros dois problemas: esses empréstimos acabam sendo saudados com juros acima do mercado e sem qualquer tipo de cobertura em caso de perdas no campo.

E o baixo acesso ao seguro rural é outro indicador da vulnerabilidade de quem produz alimentos. Segundo a mesma Fetag-RS, até 2023 o programa de seguro rural obrigatório para quem contrata custeio via Pronaf, cobria entre 17% e 19% da área de produção agropecuária no Rio Grande do Sul, que é de 22 milhões de hectares. Em 2025 esse índice caiu para 8,8%. Já mo PSR, Programa do Seguro Rural, com juros subsidiados, nem 2% das lavouras e pastagens do Estado tem cobertura.

"E isso acontece porque o governo literalmente abandonou o Programa de Seguro Rural, não agando nem o que foi combinado. E a isso damos o nome de calote"

É de conhecimento público que os governos petistas nunca simpatizaram com os médios e grandes produtores rurais. Agora, escancara também a sua omissão e o seu menosprezo com os pequenos.

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A coluna diária de Alex Soares é reproduzida também em áudio para os programas Primeira Hora e Redação Acústica (Rádio Acústica FM), Bom Dia Cidade e Boa Tarde Cidade (Rádio Tchê São Gabriel) e Jornal da Manhã (Tchê Alegrete). Ouça abaixo